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#59 Tricerátops Apresenta: Arabia Saudade

Publicado em terça-feira, 14 de março de 2023

cabeça

uma banda italiana que canta em português. canções com influência arábe. tom zé, américa latina, garage rock e saudades. o que tudo isso tem a ver? hoje, o “tricerátops apresenta” mergulha no inusitado universo da banda arábia saudade!

tocamos

participaram

a voz da entrevista é do superfreak, vocalista e baixista da arabia saudade

arabia saudade recomenda

sons que os integrantes da banda andam ouvindo:

artistas brasileiros citados: joão gilberto, gal costa, gilberto gil, sepultura, marcelo d2, ava rocha, quartabê, yoñlu, kiko dinucci, negro leo, thiago nassif, papangu

mencionados

mais arabia saudade

instagram: @arabiasaudade

álbuns no bandcamp:

otras cositas más

Transcrição

Tricerátops Show: Apresentem-se!

SuperFreak: Olá, somos a Arabia Saudade, somos um grupo de punk árabe cantado em português. Somos italianos de Milão. Não sabemos falar português, mas usamos o Google Translate. Somos SuperFreak (baixo / voz), Dave (guitarra), Cava (bateria) e agora Cazzurillo (que também canta).

TS: O conceito “Arábia” está presente no nome da banda e no protagonista dos álbuns. De onde veio esse tema?

SF: Começamos a brincar juntos com a ideia de fazer rock de inspiração persa ou do Oriente Médio. Um colega meu de trabalho tinha feito a camiseta Arabia Saudade, que é um trocadilho com Arábia Saudita. E nos fez servir muito. Fizemos a nossa música viajar do Oriente Médio até o Brasil. Essa viagem se soma à longa tradição de canções sobre a imigração do sul da Itália. Voilà, aqui está a história do nosso árabe que chega ao Brasil, mas não consegue deixar de pensar em sua casa e no que deixou para trás.

TS: Vocês já foram para o Brasil ou para a América do Sul?

SF: Sim, já estivemos na América do Sul. Nunca no Brasil. Mas não importa, o Brasil e a América do Sul de que falamos é o que lemos em livros, histórias em quadrinhos, ouvimos em canções e vimos em filmes. Não é o real, e talvez não importe. Somos como o Emilio Salgari, que ambientou seus romances na Malásia sem nunca ter visto, mas esperamos não morrer por suicídio como [ele], na lâmina de barbear.

TS: O título do seu último álbum, “Estudando a América do Sul”, é obviamente uma referência à “Estudando o Samba” do Tom Zé, que por sinal amamos. Que outros artistas brasileiros influenciaram vocês?

SF: Tom Zé, falo por mim, foi quem despertou o interesse pelo tropicalismo e depois por toda a música brasileira. Mas agora estamos tão atolados que fica difícil citar alguns autores. Dos grandes monstros, João Gilberto, Gal Costa, Gilberto Gil, Sepultura, Marcelo D2. Dos mais recentes, Ava Rocha, Quartabê, Yoñlu, Kiko Dinucci, Negro Leo, Thiago Nassif, Papangu. No pequeno-almoço da manhã, comemos pão e Brasil.

TS: Em 2019, vocês fizeram um split FODA chamado “Le Petit Senegallia / De Volta À Liberdade” com a Caveiras, uma banda italiana que também canta em português! Contem mais sobre esse processo.

SF: Um dia descobrimos que existem os Caveiras, um grupo italiano que canta em português. Foi uma coincidência muito forte para não fazermos algo juntos. O Federico do Caveiras, por outro lado, realmente fala português. Mas isso não nos impediu, fizemos um split juntos e alguns shows muito divertidos.

TS: O que vocês andam ouvindo?

SF: Nós ouvimos muita coisa diferente.

Dave é um especialista em pop. Também edita um boletim informativo (Word Wars). Ultimamente, [ele] recomenda Fatboi Sharif.

Convencido por minha filha, ouço as canções de Edoardo Bennato sobre Peter Pan.

O Cava voltou ao seu amor pelo punk japonês, Zyanose.

Cazzurillo agora está ouvindo Alhaji Waziri Oshomah.

Todos nós ouvimos Everest Magma. porque ele é um amigo nosso e nós o amamos.

TS: No release do “Estudando a América do Sul”, vocês disseram que este é o capítulo final. O que vocês aprenderam com essa jornada e o que planejam para o futuro?

SF: O que aprendemos com o Brasil é que as coisas boas sempre acabam. Vejamos a história do nosso personagem, uma viagem relutante que se transforma em um amor total pelo continente, e mais uma vez é uma partida muito triste. Esta viagem foi linda, incrível. O futuro, por outro lado, parece sombrio e sem esperança.

Capa do episódio